Foto: NASA |
Cientistas conseguiram provas que a camada de ozônio está a se
recuperar pela primeira vez. O buraco sobre o continente austral se reduziu em
quatro milhões de quilômetros quadrado, quase a metade do Brasil.
Nunca se viu um resultado tão animador, desde que todos
os países do mundo assinaram o protocolo de Montreal, que proibia o uso de
gases que destroem o ozônio atmosférico. Foram três décadas de incertezas.
Segundo os
investigadores, o máximo histórico foi no ano 2000, quando alcançou os 25
milhões de quilômetros quadrados. Em outubro do ano passado a camada de ozônio
sobre a Antártida voltou a crescer, causando preocupação quanto ao futuro do
nosso planeta.
Em 2016, o buraco de
ozônio encolheu 4 milhões de quilômetros quadrados, desde o seu ápice, em 2000.
Os investigadores pensavam que o aumento registrado em outubro passado
aconteceu devido à erupção do vulcão Calbuco, no Sul do Chile. Estes fenômenos
naturais danificam o ozônio, com a temperatura nas camadas elevadas da
atmosfera, prejudicando os resultados das medições. Os vulcões não emitem
CFC, e sim, uma grande quantidade de pequenas partículas que elevam a
atmosfera e favorecem as reações que destroem o ozônio.
As pesquisas também
revelaram, que a principal causa da recuperação foi o protocolo de Montreal,
que proibia os compostos orgânicos clorados
(clorofluorcarbonos, CFC), que eram usados na limpeza a seco, na refrigeração e
em sprays. Ao serem substituídos por outros igualmente eficazes e inofensivos
para a atmosfera, deixaram de causar danos ao meio ambiente, e por sua vez ao
planeta.
A geóloga Susan Solomon, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), pioneira nas
pesquisas sobre a destruição do ozônio, há 30 anos, liderou um estudo
publicado na Revista Science, juntamente com os colegas do Centro Nacional de
Pesquisa Atmosférica, de Boulder (Colorado), e da Universidade de Leeds, no
Reino Unido. O trabalho combina observações por balões e satélites com
avançados modelos matemáticos.
Foto: NASA/Medições do balão meteorológico |
Solomon apresenta
evidências de que a camada do ozônio está demonstrando sinais de recuperação. “Agora
podemos acreditar que as coisas que estamos fazendo colocaram o planeta no
caminho da cura". A pesquisadora acrescenta confiante. “Isso diz bastante sobre
nós, não? Não somos assombrosos, os humanos, que criamos uma situação depois de
decidirmos coletivamente, como mundo, que iríamos eliminar essas moléculas?
Pois as eliminamos, e agora estamos vendo que o planeta responde”.
Ela salientou.“Esse é um lembrete de que quando o mundo se junta podemos
resolver os problemas ambientais”. Disse ainda. “Acho que devemos dar os
parabéns a nós mesmos pelo bom trabalho".
Ozônio: um gás protetor contra a radiação violeta
Os efeitos sobre a
saúde são visíveis nas camadas altas da atmosfera quando acontece a perda de
ozônio. O gás é uma proteção natural contra a radiação ultravioleta da luz
solar, que causa câncer de pele, catarata e danos ao sistema imunológico.
Segundo as
estimativas das Nações Unidas, o protocolo de Montreal evitará dois milhões de
casos de câncer de pele desde sua entrada em vigor até 2030. Outro fator
importante é que a perda do ozônio afeta todas as latitudes, porém é mais grave
nos polos, e sobretudo na Antártida, que é onde se mede a magnitude do buraco.
Buraco de Ozônio
Descoberto na década de 1950, porém sua gravidade foi confirmada nos
anos oitenta. O buraco na camada de ozônio aumenta todos os anos
entre o final de agosto e início de setembro, chegando ao seu tamanho completo
no mês de outubro, durante a estação da primavera, bastante propícia para a
destruição do ozônio nas camadas altas. Ele varia a
cada ano, tendo em conta as reações químicas que causam a destruição, e
que são sensíveis aos raios solares, temperatura e nuvens que cobrem a
estratosfera.
Os cientistas da NASA criaram uma visualização 3D em alta resolução mostrando os complexos refluxos e correntes do dióxido de carbono na atmosfera da Terra durante um ano |
O desafio
para os pesquisadores é perceber os pequenos sinais de recuperações. Solomon e outros cientistas apresentaram
vantagens de medir o buraco da cama de ozônio no mês de setembro, pouco depois
de a Antártida começar a sair do escuro inverno austral. A luz é necessária
para as reações que danificam o ozônio.
“Descobrimos que setembro não tem uma variação
meteorológica tão intensa como acontece em outubro, e que é um mês sensível às
atividades vulcânicas”, conta Solomon.
Após análises, o buraco diminuiu em setembro, 4.5 milhões de quilômetros quadrados
desde 2000. Solomon enfatizou. “Descobrimos que pelo fato de haver menos cloro
na atmosfera, o buraco da camada de ozônio está se abrindo dez dias depois do que
o esperado”, e isso gera um grande efeito nas médias registradas em setembro”.
Ao comentar sobre a investigação o coautor Ryan Neely, professor de ciência atmosférica em Leeds, destacou que o escopo do estudo permitiu à equipe "quantificar os impactos separados de poluentes emitidos pelo homem, de mudanças na temperatura e nos ventos, e de vulcões no tamanho e na magnitude do buraco de ozônio da Antártida".
Neely completou: "Observações e modelos de computador concordam. A cura do ozônio da Antártida começou".
A química Susan
Strahan, especializada em atmosfera da NASA e que não estava envolvida no
estudo, concorda que as evidências são bem animadoras. “É o surgimento de uma
tendência”, disse ao Gizmodo. Susan salienta. “Ainda é cedo para dizer
exatamente como a recuperação irá continuar. Isso porque os
clorofluorcarbonetos que estão na atmosfera se degradam em ritmos diferentes.
Enquanto alguns deles já sumiram, outros irão demorar décadas para se decompor.
Representação do ozônio (O3) sendo quebrado pelo cloro. Imagem NASA Scientific Visualization Studio. |
Foto: NASA/Cientistas observam primeiros sinais de que a camada de ozônio se recupera |
Ajude a preservar a camada de ozônio:
1º) Verifique seu extintor de incêndios. Caso o modelo que você adquiriu contenha o ingrediente principal “halon” ou “hidrocarbonetos halogenados”, encontre
um centro de coleta de materiais perigosos para reciclá-lo e compre um modelo
sem este composto químico nocivo à camada de ozônio.
2) Não
adquira produtos aerossóis com clorofluorcarbonetos (CFC), mesmo
que os CFCs tenham sido banidos ou reduzidos em várias de suas aplicações, a
única maneira de ter certeza é verificando o rótulo em todos os seus sprays
fixadores, desodorantes e produtos químicos domésticos.
3) Conserte a sua geladeira, freezer e ar
condicionado imediatamente após qualquer sinal de avaria/problema. Esses equipamentos usam um produto químico nocivo à camada de ozônio e os vazamentos liberam um produto químico na atmosfera.
4) Priorize transportes como o metrô e
bicicleta. O CO2 emitido pelos escapamentos de carros e ônibus também
tem a capacidade de causar danos à camada de ozônio.
5) Economize energia - desligue a luz de
ambientes que você não está usando. Tenha atenção em retirar aparelhos da tomada
quando não estão em uso.
O Protocolo de Montreal está ajudando a "selar" o buraco de ozônio/ SCIENCE / VÍDEO: QUALITY |
A camada de ozônio protege a superfície da Terra da radiação ultravioleta emitida pelos raios solares (Nasa/ThinkStock/VEJA) |
Com
informações do Elpaís/Gilzmodo/BBC Brasil/Revista Science/Vida Sustentável
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