segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Buraco de ozônio está se recuperando – Planeta no caminho da cura



Foto: NASA
Cientistas conseguiram provas que a camada de ozônio está a se recuperar pela primeira vez. O buraco sobre o continente austral se reduziu em quatro milhões de quilômetros quadrado, quase a metade do Brasil.

Nunca se viu um resultado tão animador, desde que todos os países do mundo assinaram o protocolo de Montreal, que proibia o uso de gases que destroem o ozônio atmosférico. Foram três décadas de incertezas. 

Segundo os investigadores, o máximo histórico foi no ano 2000, quando alcançou os 25 milhões de quilômetros quadrados. Em outubro do ano passado a camada de ozônio sobre a Antártida voltou a crescer, causando preocupação quanto ao futuro do nosso planeta.

Em 2016, o buraco de ozônio encolheu 4 milhões de quilômetros quadrados, desde o seu ápice, em 2000. Os investigadores pensavam que o aumento registrado em outubro passado aconteceu devido à erupção do vulcão Calbuco, no Sul do Chile. Estes fenômenos naturais danificam o ozônio, com a temperatura nas camadas elevadas da atmosfera, prejudicando os resultados das medições.  Os vulcões não emitem CFC, e sim, uma grande quantidade de pequenas partículas que elevam a atmosfera e favorecem as reações que destroem o ozônio.

Foto: NASA
As pesquisas também revelaram, que a principal causa da recuperação foi o protocolo de Montreal, que proibia os compostos orgânicos clorados (clorofluorcarbonos, CFC), que eram usados na limpeza a seco, na refrigeração e em sprays. Ao serem substituídos por outros igualmente eficazes e inofensivos para a atmosfera, deixaram de causar danos ao meio ambiente, e por sua vez ao planeta.

A geóloga Susan Solomon, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), pioneira nas pesquisas sobre a destruição do ozônio, há 30 anos, liderou um estudo publicado na Revista Science, juntamente com os colegas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, de Boulder (Colorado), e da Universidade de Leeds, no Reino Unido. O trabalho combina observações por balões e satélites com avançados modelos matemáticos.

Foto: NASA/Medições do balão meteorológico
Solomon apresenta evidências de que a camada do ozônio está demonstrando sinais de recuperação. “Agora podemos acreditar que as coisas que estamos fazendo colocaram o planeta no caminho da cura".  A pesquisadora acrescenta confiante. “Isso diz bastante sobre nós, não? Não somos assombrosos, os humanos, que criamos uma situação depois de decidirmos coletivamente, como mundo, que iríamos eliminar essas moléculas? Pois as eliminamos, e agora estamos vendo que o planeta responde”.

Ela salientou.“Esse é um lembrete de que quando o mundo se junta podemos resolver os problemas ambientais”. Disse ainda. “Acho que devemos dar os parabéns a nós mesmos pelo bom trabalho".

Foto: NASA

Ozônio: um gás protetor contra a radiação violeta


Os efeitos sobre a saúde são visíveis nas camadas altas da atmosfera quando acontece a perda de ozônio. O gás é uma proteção natural contra a radiação ultravioleta da luz solar, que causa câncer de pele, catarata e danos ao sistema imunológico.

Segundo as estimativas das Nações Unidas, o protocolo de Montreal evitará dois milhões de casos de câncer de pele desde sua entrada em vigor até 2030. Outro fator importante é que a perda do ozônio afeta todas as latitudes, porém é mais grave nos polos, e sobretudo na Antártida, que é onde se mede a magnitude do buraco.

Vídeo, com o olhar em três dimensões/NASA

Buraco de Ozônio


Descoberto na década de 1950, porém sua gravidade foi confirmada nos anos oitenta.  O buraco na camada de ozônio aumenta todos os anos entre o final de agosto e início de setembro, chegando ao seu tamanho completo no mês de outubro, durante a estação da primavera, bastante propícia para a destruição do ozônio nas camadas altas. Ele varia a cada ano, tendo em conta as reações químicas que causam a destruição, e que são sensíveis aos raios solares, temperatura e nuvens que cobrem a estratosfera. 

Os cientistas da NASA criaram uma visualização 3D em alta resolução mostrando os complexos refluxos e correntes do dióxido de carbono na atmosfera da Terra durante um ano
O desafio para os pesquisadores é perceber os pequenos sinais de recuperações. Solomon e outros cientistas apresentaram vantagens de medir o buraco da cama de ozônio no mês de setembro, pouco depois de a Antártida começar a sair do escuro inverno austral. A luz é necessária para as reações que danificam o ozônio.

“Descobrimos que setembro não tem uma variação meteorológica tão intensa como acontece em outubro, e que é um mês sensível às atividades vulcânicas”, conta Solomon.

Após análises, o buraco diminuiu em setembro, 4.5 milhões de quilômetros quadrados desde 2000. Solomon enfatizou. “Descobrimos que pelo fato de haver menos cloro na atmosfera, o buraco da camada de ozônio está se abrindo dez dias depois do que o esperado”, e isso gera um grande efeito nas médias registradas em setembro”.

Ao comentar sobre a investigação o coautor Ryan Neely, professor de ciência atmosférica em Leeds, destacou que o escopo do estudo permitiu à equipe "quantificar os impactos separados de poluentes emitidos pelo homem, de mudanças na temperatura e nos ventos, e de vulcões no tamanho e na magnitude do buraco de ozônio da Antártida".

Neely completou: "Observações e modelos de computador concordam. A cura do ozônio da Antártida começou".

A química Susan Strahan, especializada em atmosfera da NASA e que não estava envolvida no estudo, concorda que as evidências são bem animadoras. “É o surgimento de uma tendência”, disse ao Gizmodo. Susan salienta. “Ainda é cedo para dizer exatamente como a recuperação irá continuar. Isso porque os clorofluorcarbonetos que estão na atmosfera se degradam em ritmos diferentes. Enquanto alguns deles já sumiram, outros irão demorar décadas para se decompor. 
Strahan concluiu “Eu acho que muitas pessoas acham que as questões ambientais sempre acabam mal. Nesse caso, a recuperação irá acontecer, mas levará tempo". 
Representação do ozônio (O3) sendo quebrado pelo cloro. Imagem NASA Scientific Visualization Studio.
Foto: NASA/Cientistas observam primeiros sinais de que a camada de ozônio se recupera

 

Ajude a preservar a camada de ozônio:


1º) Verifique seu extintor de incêndios. Caso o modelo que você adquiriu contenha o ingrediente principal halon” ou “hidrocarbonetos halogenados”, encontre um centro de coleta de materiais perigosos para reciclá-lo e compre um modelo sem este composto químico nocivo à camada de ozônio.

2) Não adquira produtos aerossóis com clorofluorcarbonetos (CFC), mesmo que os CFCs tenham sido banidos ou reduzidos em várias de suas aplicações, a única maneira de ter certeza é verificando o rótulo em todos os seus sprays fixadores, desodorantes e produtos químicos domésticos.

3) Conserte a sua geladeira, freezer e ar condicionado imediatamente após qualquer sinal de avaria/problema. Esses equipamentos usam um produto químico nocivo à camada de ozônio e os vazamentos liberam um produto químico na atmosfera. 

4) Priorize transportes como o metrô e bicicleta. O CO2 emitido pelos escapamentos de carros e ônibus também tem a capacidade de causar danos à camada de ozônio.

5) Economize energia - desligue a luz de ambientes que você não está usando. Tenha atenção em retirar aparelhos da tomada quando não estão em uso.
O Protocolo de Montreal está ajudando a "selar" o buraco de ozônio/ SCIENCE / VÍDEO: QUALITY
A camada de ozônio protege a superfície da Terra da radiação ultravioleta emitida pelos raios solares (Nasa/ThinkStock/VEJA)
Com informações do Elpaís/Gilzmodo/BBC Brasil/Revista Science/Vida Sustentável

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